Academia Futsal Condeixa

terça-feira, 9 de março de 2021

"A Academia é, sem dúvida, um dos projetos mais aliciantes e gratificantes em que estive envolvido"


Como começou a sua ligação ao desporto?

A minha ligação ao desporto começou em primeiro lugar pelo gosto do desporto em geral. Mais diretamente às modalidades a que estou ligado, foi a prática desportiva no futebol. Iniciei nos minis do Leça Futebol Clube e desde aí fui passando pelos vários escalões. Tive uma interrupção de um ano nos juvenis, retomando no ano seguinte, mas já no Futebol Clube de Perafita com 3 anos na formação e mais 3 anos como sénior. Antes de vir estudar para Coimbra, ainda tive uma passagem fantástica de dois anos pelo futsal. O outro fator determinante para dar continuidade e consolidar a minha ligação ao desporto, foi o facto de me Licenciar em Educação Física que contribuiu de uma forma determinante, para ficar ligado ao desporto e ao treino desportivo.

Pedro Fafiães foi campeão nacional pela Eiquipetrol 

Foi campeão nacional por duas vezes. Recorde-nos esses títulos...

Fui campeão nacional da 2ª Divisão por duas vezes e finalista da Taça de Portugal. O primeiro título foi na época 1992/93 pela Eiquipetrol, uma equipa formada por muitos jogadores oriundos do futebol do Leixões, mas na qual tivemos o privilégio de ter como treinador o Fernando Teixeira que já estava ligado à modalidade há vários anos. Num campeonato muito disputado conseguimos no último jogo da fase final vencer ao Boavista e sagrarmo-nos campeões. Nesse mesmo ano, fomos também disputar a Final da Taça de Portugal no Pavilhão Municipal de Chaves, contra o Coimbrões que na altura, era campeão nacional da 1ª divisão. Infelizmente, perdemos 2-1. A segunda vez que fui campeão foi na Associação Académica de Coimbra na época 1996/97, num campeonato superdisputado na Fase Norte com os Atómicos, que permitiu a subida novamente da AAC à 1ª Divisão. No apuramento do Campeão Nacional vencemos o Sporting Clube da Penha. Um ano formado por um excelente grupo, com companheiros de muita qualidade e que muitos continuam ligados ao Futsal ou ao Futebol com enorme sucesso desportivo.

Académica 1996/1997 conquistou o título Nacional da 2ª Divisão

Tem um percurso delineado entre futebol e futsal. São duas paixões?

Sim sem dúvida. São duas modalidades a que estive ligado, e que me permitiram ter conseguido atingir títulos em ambas. Acrescentar às já referidas no futsal, realço a participação no campeonato da 1ª Divisão pelo Real da Conchada. No futebol, disputei duas fases finais da subida aos nacionais nos juniores do FC Perafita, e posteriormente, quando já estava Coimbra, representava o GD Mealhada quando subimos à 3ª Divisão nacional e vencemos a Taça da AF Aveiro, única no clube. Ainda vivi todas estas excelentes experiências que permitiram que aprendesse e evoluísse no conhecimento do jogo de ambas as modalidades e na experiência competitiva. No aspeto social, por todos os clubes que passei, tive o privilégio de partilhar excelentes momentos com grandes amigos.

Traquinas da Academia em Dezembro de 2011

O que representa a Academia para si sendo um dos fundadores do projecto?

Escrever o que a Academia representa não é fácil. O que eu posso para já afirmar é que a Academia é, sem dúvida, um dos projetos mais aliciantes e gratificantes em que estive envolvido. Em primeiro, por ser formado por um grupo de amigos com ideias em comum sobre a formação desportiva e pela cumplicidade no trabalho, que permitiu desenvolvermos este projeto ao longo destes 10 anos. As ideias, os objetivos e os princípios orientadores fundamentais que foram definidos e que defendemos na formação, desde o início do projeto, nunca foram alterado na sua essência. Procurando sempre uma avaliação constante, correção e implementação de metodologias e estratégias nas atividades a desenvolver. Em segundo, verificar a evolução no número de atletas ao longo destes anos e principalmente a sua fidelização. Temos atletas que nos têm acompanhado desde o início fundação da Academia. É sinal do reconhecimento do trabalho desenvolvido por todos os intervenientes neste processo. E claro que não poderia deixar de salientar e agradecer, o papel fundamental dos encarregados de educação na colaboração e na confiança que depositaram neste projeto.

Academia no Campus Internacional em Santiago de Compostela (2017)

Já treinou vários escalões, o que mais o agrada entre a diferença do que é liderar traquinas e benjamins ou os juniores?

O que mais me agrada em treinar estes dois escalões tão distintos é o grau de exigência pedagógica que temos de ter em nos adaptarmos aos objetivos de cada escalão. Nos escalões de traquinas e benjamins cativa-me aquilo que é a pureza do desporto, nos quais o processo pedagógico das aprendizagens é fundamental. Ver os atletas a melhorarem as suas aprendizagens, divertirem-se dentro da responsabilidade que lhe é pedida e sentirem-se motivados para a prática da modalidade é o mais gratificante nestes escalões. E sendo um trabalho realizado com cuidado e ponderado, permitirá que os atletas pratiquem esta modalidade durante anos. Nos juniores, e como é natural, temos que reajustar para aquilo que é o nível competitivo. Estando a aprendizagem também presente, o resultado desportivo assume um papel preponderante, o que nos obriga a perceber e a evoluir o nosso conhecimento em relação à complexidade do jogo. E claro,  no domínio social tudo se torna diferente na sua gestão, mas é sempre gratificante.

Nestas duas épocas está com a equipa de júnior. Neste escalão em específico, como sentiu o grupo quando a época foi cancelada em Março de 2020?

O grupo que tinha terminado a primeira fase da época 2019/20, estava em crescimento e com a expectativa de realizar a taça de encerramento com qualidade. A interrupção da época devido ao plano de contingência, deixou a sensação de que algo ficou por concluir. Mas felizmente os atletas compreenderam essa contingência e resultado disso, foi a presença de todos no início desta época desportiva.

Pedro Fafiães lidera os juniores da Academia desde 2018/2019

Apesar de uma curta retoma condicionada no início da época, os treinos voltaram a parar e não se conhece que venha a haver competição. Quais os efeitos que esta situação pode ter nos mais jovens?

Não é um processo fácil de gerir para os jovens, pela falta da competição e principalmente neste momento, pela indefinição de quando retomará. A expectativa que esta situação nos coloca, é que se torna no ponto muito sensível e a ter em atenção num futuro imediato. No entanto, pensando de uma forma positiva, julgo que sendo uma situação transversal a outras atividades e a necessidade permanente dos jovens terem atividades extracurriculares nos escalões mais baixos e nos mais velhos a sensação de algo ficou por concluir em termos desportivos, leva a que se vá normalizando aos poucos o regresso dos atletas aos treinos. Poderá verificar-se alguma oscilação, talvez nos escalões de juniores devido aos interesses paralelos, académicos e sociais que surgem nesta faixa etária. Em relação à Academia, e pelo contato permanente que realizamos com os atletas, pensamos que essa situação não se coloca. No entanto, temos a consciência que tudo vai normalizar de uma forma gradual e sempre relacionado com a evolução da situação pandémica, que é essencial para transmitir maior confiança aos pais e atletas, para estes retomarem.

Como professor, sente que a questão psicológica dos alunos foi afetada?

Sim não tenho dúvida. A sociabilização que a escola e os treinos proporcionam são fundamentais para o equilíbrio psicológico. Toda as dinâmicas sociais de relações presenciais nestas idades são muito importantes para o crescimento global dos alunos.  Com a experiência que tenho vivenciado e pelo que eles me têm referido, a expectativa de regressarem à escola e à atividade física é algo que sentem muita falta para se voltarem a relacionar com os seus pares/amigos.

Quais as metas definidas pela Academia para o escalão júnior?

A meta definida para o escalão nesta época é a passagem à Taça Nacional. Mas devido a esta situação que estamos a viver, julgo que tudo se alterou. Em paralelo com este objetivo, é proporcionar a estes atletas a motivação para continuarem a desenvolver os seu trabalho e prepará-los para a transição do escalão de juniores para o de seniores, que para a próxima época é um dos objetivos da Academia. Não podia deixar de realçar o empenho e a dedicação que este grupo demonstrou durante os treinos realizados, mesmo sem competição. É com muito orgulho que faço parte desta equipa de jovens e por essa razão fico com a sensação de que algo ficou por realizar. Fica o meu desejo de que tudo normalize o mais rapidamente possível, para voltarmos a realizar o que mais gostamos de fazer.

BI

Nome: José Pedro Pereira Fafiães

Idade: 53 anos

Data de Nascimento: 04/02/1968

Localidade: Matosinhos